0 - PODER ORIGINÁRIO
O PODER ORIGINÁRIO da SOCIEDADE,
nas CIRCUNSTÂNCIAS dos INSTRUMENTOS de COMUNICAÇÃO NUMÉRICA DIGITAL.
Círio SIMON
Porto Alegre - 26 de abril de 2013
OBJETIVOS.
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
TÍTULO I - Dos Princípios Fundamentais Art. 1º Parágrafo único da Constituição Brasileira de 1988.
O poder emana do povo. Este poder uno é a origem da autoridade e do poder de um Estado contemporâneo. As funções administrativas de um Estado contemporâneo são exercidas, na clássica divisão montesquiniana em três vertentes. Esta administração em três vertentes do poder é contemporânea e simétrica aos primórdios da linha de montagem da era industrial, transposta ao âmbito da administração de um Estado contemporâneo. A operacionalização da fabrica supõe um sistema de entrada, processamento e saída controlada. A entrada de insumos é prevista e regulada pelo planejamento (Legislativo). Segue-se a operação de processamento destes insumos na linha de produção (Executivo). Na saída, a qualidade do produto, é controlada (Judiciário). Contudo esta tripla atividade da fábrica só é operante quando existir o meio e a finalidade (teleologia) que necessita estar em sintonia fina (just of time) com o seu planejamento, sua execução e seu controle. Esta sintonia age coerente com uma origem e um fim. Na era pós-industrial cabe o questionamento e o contraditório na concepção de Hannah Arendt[1] na sua crítica ao HOMO FABER. Cabe o questionamento e o contraditório na medida em que o HOMO FABER naturaliza, oculta a origem e o fim da organização do Estado Nacional. O HOMO FABER contrapõe-se a si mesmo como origem, fim único, hegemônico e perpétuo. De outra parte, por mais afinadas entre si mesmas que estejam as três vertentes das funções administrativas de um Estado, elas não se bastam a si mesmas sem o recurso continuado à origem e à finalidade do poder que emana do povo.
A origem e a finalidade do poder, que emana do povo, necessitam serem reconhecidas, não só no momento concedido à uma constituinte nacional, mas ao longo de todo o processo de sua implementação, maturidade e decadência de uma constituição. Nem a expressão do Estado nacional, nem o acatamento da individualidade diferenciadora garante, por si mesmas, este reconhecimento, da origem e da finalidade do poder.
Uma das razões que fazem da Constituição Brasileira, de 1988, uma “Constituição Cidadã” é a menção ao exercício direto do poder pelo cidadão. Este exercício direto, evidente só poderá tornar-se efetivo e legítimo no âmbito estatal, nos termos da Constituição. Esta possibilidade de exercício direto do poder impõe ao cidadão esforços coerentes na busca do conhecimento, cultivo da vontade continuada para usufruir este direito sem falsificações e sem corrupções. Inteligência que ele transfigura no direito de expressar a totalidade da nação em si mesmo. Expressões para contribuir com ações positivas para todos os brasileiros e sem causar qualquer prejuízo, apropriação daquilo que pertence à maioria da humanidade. Este exercício da vontade não pode representar diante de si mesmo a mentalidade de que o agente é portador. Chartier desvela o que parece evidente a todos. Para ele (1998: 38)[2] o que a mentalidade “é o que escapa aos sujeitos individuais da história porque revela o conteúdo impessoal do seu pensamento”. Leonardo da Vinci[3] trata (1944: 165) o mesmo tema sob a ótica da Arte. Este contraditório ocultamento da mentalidade exige constante e profundo esforço axiomático que inclui o agente atordoado pelo seu fazer mecânico.
O texto relativo ao Poder Originário constitui um dos numerosos esforços axiomáticos que se lançaram na busca de conhecimento, de vontade para que o cidadão usufrua este direito ao conhecimento de sua própria mentalidade. Conhecimento sem os prejuízos das máscaras das naturalizações, mitificações e corrupções. Para tanto, estudam-se plataformas para a sua ação pública no exercício do seu poder no âmbito desta sociedade. O autor leva em conta, para este estudo[4], a circulação de informações e os inúmeros paradigmas de poder que estas informações trouxeram ao palco da política pública. Considera-se, sem otimismo ou pessimismo, que a política foi competente, em todos os tempos, para transformar a potência individual e coletiva em autoridade.
No entanto o autor está bem consciente daquilo que Aristóteles advertia (1972: 211) a quem busca a ciência para compreender o espaço empírico. Nesta busca dialética “é absurdo procurar ao mesmo tempo a ciência e o método da ciência. Nenhum deles é fácil de aprender, pois, nem o rigor matemático se deve exigir em todas as coisas, mas somente naquelas que não tem matéria”. O Poder Originário possui matéria e circula nas ações dos seus agentes. Ao apresentar matérias e ações este autor vale-se do pensamento de Marc Bloch[5] quando ele afirma (1976: 29) que “o historiador pensa tanto o humano como o tempo”. Neste pensar, tanto o humano como o tempo, Cabral de Melo[6] distingue (1995:14) “os amadores discutem estratégia, mas os profissionais preferem falar de logística, bem se poderia dizer que os historiadores preferem falar de documentos, deixando a outros o cuidado de descobrir o sentido da história”. Sem discutir ou avaliar, se o autor é amador ou profissional, ele busca, nos seus limites e parcas competências, um conhecimento e uma vontade para que ele como cidadão usufrua também o seu direito ao seu poder, sem subterfúgios ou corrupções. Devido aos limites das suas competências, este autor, pede ao seu leitor que este lhe conceda três das qualidades que Nietzsche[7] solicitou (2000: 27) ao leitores dos seus textos “espero do leitor três qualidades: 1) - deve ser tranqüilo e ler sem pressa; 2) - não deve fazer intervir constantemente sua pessoa e a sua cultura, e 3) - não tem direito de esperar – quase como resultado – projetos”.
Na perspectiva de um contrato interativo com o leitor o autor trabalha e acredita que ele possui os seus próprios paradigmas adultos, íntegros e integrais. O autor resume o seu interesse pessoal apenas em fazer circular algumas ideias, pelo meio digital e numérico, em relação aos diversos paradigmas que sustentam no paradigma que ele adotou para viver a cidadania e a democracia republicana.
No entanto reconhece que o presente material tentou acumular concepções primitivas e materiais empíricos de sua época e lugar. Contudo, para os que virão depois, servem como desafio para construir ago mais coerente, inteligível e completo. Para um artista criativo não existe melhor desafio do que encontrar no seu caminho obras incompletas e primitivas às quais ele pode usar e imprimir a sua marca do seu tempo e do seu lugar.
Este material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este blog é editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a sua formação histórica
Círio SIMON
mail ciriosimon@cpovo.net
1º blog :
https://profciriosimon.blogspot.com/2010/10/sumario-eletronico-do-1-ano-do-blog.html
2º blog https://mathiassimon1829.blogspot.com/2011_04_01_archive.html
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Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=qdqXEg7ugxA
SUMÁRIO
O UNIVERSO TEÓRICO
Introdução
0.1 – Objetivos e as dificuldades a serem vencidas...
0.2 - Posicionando e distinguindo os termos ...
0.3 – O Estado como superestrutura...
0.4 – A clara consciência dos seus projetos. ...
0.5 – Filtros e mediações da autoridade ...
0.6 – O Poder Originário e a era numérica digital. .
CAP. 01 A PROCURA de PROPORÇÃO e da COERÊNCIA
1.01 – Os estragos do gigantismo. ....
1.02 – A procura da proporção...
1.03 – A proporção da representação do povo. ..
1.04 – O ser humano comprovadamente não nasce social...
1.05 – Competências da autoridade...
1.06 – O Poder Originário e o “quarto poder”....
1.07 – A autoridade e os atravessadores de influências...
1.08 – O poder, a autoridade e a informação...
1.09 – O pátrio poder, o município e a sua administração. .....
1.10 – O preço para administrar um grande país a partir da base dos seus municípios. ..
1.11 – O, Poder Originário a informática e as suas luzes. ....
1.12 –A democracia como virtude complexa e característica das sociedades evoluídas. ...
1.13 – Voto não é democracia..
1.14 - Estados soberanos da América...
CAP. 02 – LIMITES do PODER ORIGINÁRIO
2.01 – A sustentação do . Poder Originário..
2.02 – A ditadura na era da informática. ...
2.03 – A guerra social para contornar a guerra real...
2.04 – O projeto do. Poder Originário...
2.05 – A participação popular. ..
2.06 – Povo como sinônimo de pobre e de desqualificado...
2.07 – Muito cacique – pouco índio. ..
2.08 – Utopias generalistas como contratos sociais ocultos. ..
2.09 – A senha de identidade cidadã. ...
CAP. 03 – A CORRUPÇÃO do PODER ORIGINÁRIO
3.01 – No Brasil todos são poder: - menos a autoridade. ..
3.02 – A corrupção do voluntariado. ....
3.03 – Piratas e paraísos fiscais. ...
3.04 – Quando o povo irá eleger os seus banqueiros. ...
3.05 – O Estado Nacional como empresa...
3.06 – O infinito progresso linear. ..
3.07 – O “Big Brother” e o “Pig Brother” ...
3.08 – A pressão social como ficção no Brasil. ...
3.09 – A política dos répteis. ..
3.10 – Os percalços do poder legislativo. ...
3.11 – A medida e a proporção da “fofoca”. ..
3.12 – A desqualificação da célula municipal.....
CAP. 04 PARTICIPAÇÃO – COOPERAÇÃO – INTERAÇÃO.
4.01 – A era da informática desconcentradora. ..
4.02 – A sincronia no caos. ..
4.03 – A unidade nacional e o discurso desenvolvimentista..
4.04 – A participação, a cooperação e a interação. ....
RESUMINDO e CONCLUINDO....
ANEXOS....
GLOSSÁRIO..
O UNIVERSO EMPÍRICO....
Decreto n.o 1 de 15 de novembro de 1889 que proclama a república federativa e dá outras providencias.....
Notícias relativas ao PODER ORIGINÁRIO ...
Sumário das noticias relativas ao PODER ORIGINÁRIO ..
BIBLIOGRAFIA RELATIVA ao PODER ORIGINÁRIO...
SUMÁRIO dos GRÁFICOS
[ ver as IMAGENS do GRÁFICOS no setor FOTOS deste blog ]
Gráfico 01 – A infra-estrutura e o poder humano na diacronia e sincronia. .....
Gráfico 02 – Três vetores..
Gráfico 03 – Quatro pólos da democracia .....
Gráfico 04 – Franceses e a confiança em suas estrutura governamentais ..
Gráfico 05 – Estrutura da carteira com senhas cidadãs ....
Gráfico 06 – Calendário mensal da circulação do poder da origem até o vértice...
Gráfico 07 - As três primeiras etapas do amadurecimento do indivíduo segundo Piaget ...
[1] - ARENDT, Hannah (1906-1975). Condition de l’homme moderne. Londres : Calmann-Lévy, 1983. Em Português: A Condição humana – The human condition (2ªed) Rio de Janeiro: Forense Universitária 1983, 338 p
[2] - CHARTIER, Roger. Au bord de la falaise: l´histoire entre certitudes et inquiétude. Paris : Albin Michel, 1998. 293p.
[3] - VINCI, Leonardo (1452-1519). Tratado de la pintura y del paisage, sombra e luz. Buenos Aires : Gil, 1944. 602p.
[4] - O presente estudo iniciou e foi registrado, de forma manuscrita, a partir do dia de 19.03.1989 até julho de 2006, num caderno da FAE (Fundação de Assistência ao Estudante) do Ministério da Educação. Quando se iniciou este registro manuscrito apenas havia nascido a Constituição Cidadã no Brasil, celebrava-se o bicentenário da Revolução Francesa e o século XX ainda teria doze anos pela frente. Os PCs domésticos, pesados e problemáticos, já haviam desembarcado para o uso do população civil instaurando a realidade da informática. Estes PCs iniciaram a mostrar as suas performances na década de 1940, fazendo a criatura humana a mergulhar no âmago da matéria. Já na década de 1960 a realidade da informática guiou esta criatura até a Lua. Pergunta-se:
- Por que as ciências humanas aplicadas resistem ainda ao seu uso em pleno século XXI ?.
[5] - BLOCH, Marc (1886-1944). Introdução à História. (3ª ed).Lisboa :Europa- América 1976 179 p
[6] - CABRAL DE MELLO, Evaldo. A fronda dos mazombos. São Paulo : Companhia das Letras, 1995. 530p
[7] - NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900).Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179 p.